BULLYING, ABUSO OU ASSÉDIO?
O diagnóstico do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) trouxe à tona a necessidade de definição de alguns conceitos para o campo da saúde mental. Analisando o tipo de agressão com foco no diagnóstico, projeto de tratamento e prognóstico, uma melhor definição das situações que possam traumatizar auxilia em projetos de prevenção e intervenção em saúde pública.
Os eventos potencialmente traumáticos mais danosos para a saúde mental são os de violência interpessoal. Cada vez mais estudados em suas particularidades, essas vivências têm sido utilizadas de forma aleatória, leiga e ambígua.
Três conceitos têm sido empregados como se fossem sinônimos, mas indicam situações bastante diversas: bullying, assédio e abuso. A rápida discussão a seguir ainda não encontra uma unanimidade no campo da saúde mental, mas pode contribuir para a discussão.
O bullying é uma apropriação da denominação da língua inglesa que indica um ato de agressão, de intimidação a alguém indefeso. Ocorre mais comumente em escolas e locais de trabalho. Também é cada vez mais comum na forma virtual, especialmente em redes sociais (cyberbullying).
O abuso se refere a uma situação de agressão com proveito de uma posição de poder. Ocorre mais comumente em ambientes domésticos e de trabalho.
O assédio tem um caráter de insistência na perseguição em forma de agressão. Aqui importa a impertinência, portanto não é preciso haver necessariamente uma relação de poder.
Menos conhecido é o termo mobbing, também derivado da língua inglesa, cujo sentido é o mesmo de bullying, só que de um grupo contra um indivíduo. Também é cada vez mais comum em redes sociais.
É importante lembrar: as situações acima podem ser combinadas. E mais: o trauma psíquico nem sempre é decorrência de uma ruptura abrupta. Situações frequentes e insistentes como as descritas acima podem provocar estresse crônico e uma cisão traumática, desencadeando um transtorno mental.
José Paulo Fiks.