O DIA INTERNACIONAL DA MULHER, VIOLÊNCIA E POSSÍVEIS SAÍDAS
Por José Paulo Fiks
Nesta época de comemorações há pouco o que celebrar no campo da violência contra a mulher no Brasil.
Notícias diárias e achados de pesquisas mais recentes comprovam que desde o início da pandemia causada pela covid-19 os casos de agressões contra mulheres, especialmente sexuais – e até o feminicídio! – têm aumentado no Brasil.
E o mais estarrecedor: a maioria desses casos mostra que os agressores são figuras conhecidas das mulheres. A violência é geralmente doméstica e causada por atuais ou antigos parceiros.
Os especialistas em saúde mental têm se dedicado às melhores formas de acolher e tratar essas mulheres.
E os agressores?
Algumas pesquisas com estes mostram dados intrigantes: embora muitos deles reconheçam a culpa justificam seus atos, responsabilizam as vítimas e confessam que repetiriam as agressões, mesmo reconhecendo que deveriam ser punidos pela lei.
O que fazer?
A saúde mental tem como principal meta atender e pesquisar as vítimas, mas tem muito a contribuir também no campo dos perpetradores.
Divulgar conceitos como responsabilidade, direitos, deveres, sinais e sintomas de transtornos mentais tem sido o campo de atuação de psiquiatras, psicólogos, e terapeutas de várias linhas. Isto compõe um potencial civilizatório, especialmente para a sociedade brasileira, bastante violenta contra as mulheres.
Lembrar ao público alvo que a experiência da violência pode levar a vários transtornos mentais já é um bom começo.
Com uma boa dose de esperança, a participação de profissionais da saúde mental em equipes multidisciplinares que envolvam a reeducação, transmissão de conhecimentos e interações com agressores possa ser uma boa saída para esse tipo de violência.