O que podemos aplicar da experiência em Brumadinho para o Rio Grande do Sul?

By 23 de maio de 2024 TEPT

O que podemos aplicar da experiência em Brumadinho para o Rio Grande do Sul?

Por Luisa Brito

A atual situação de devastação no Rio Grande do Sul me remete às experiências que vivenciei ao trabalhar como psicóloga em comunidades ribeirinhas após a quebra da barragem de Brumadinho. Acredito que essa experiência prévia possa fornecer insights sobre como realizar trabalhos em saúde mental que favoreçam a resiliência em situações de tamanha desolação.

Um primeiro ponto que gostaria de ressaltar é a importância que observamos na realização de grupos de apoio comunitário, como rodas de conversas (com temas específicos para mulheres, homens e pessoas enlutadas, etc.). Estes espaços de troca, onde a comunidade poderia se apoiar mutuamente, mostraram-se fundamentais para fortalecer vínculos comunitários, além de fornecerem um lugar de apoio mútuo e proporcionar alívio emocional – tão necessário em situações como estas. O interessante desses espaços é que são de fácil manutenção, o que favorece a continuidade do mesmo a longo prazo – o que se mostrou crucial na experiência com as comunidades atendidas em Brumadinho.

Um segundo ponto, no que diz respeito às crianças; a desorganização familiar, tanto prévia quanto posterior a quebra da barragem, aumentava significativamente o risco de problemas psicológicos e adoecimento devido à experiência potencialmente traumática que fora vivenciada. Nessas situações, foi observada a importância de uma rede de apoio suplementar para fornecer o suporte necessário às crianças e às famílias nestes momentos de fragilidade.

Em meio ao ímpeto natural de ajudar durante catástrofes como estas, é imperativo fazer pausas estratégicas para avaliar o que já foi feito e adaptar as intervenções às necessidades emergentes, compreendendo que os atendimentos em contexto de desastre diferem significativamente das práticas cotidianas em saúde mental. As lições aprendidas em Brumadinho e em experiências similares podem servir como guia para a implementação de medidas eficazes de apoio à saúde mental, contribuindo para a preparação e a capacitação dos profissionais que atuam nessas situações.

Concluo ressaltando o quão importante foi, para as comunidades atendidas em Brumadinho, a promoção de atividades que foquem não apenas a saúde mental individual, como também a coesão e a resiliência comunitárias, aspectos que se mostraram essenciais para enfrentar os desafios de períodos tão devastadores e desafiadores.

 

 

Imagem de arquivo pessoal
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