Bertha Pappenheim: a mulher por trás – e à frente – do primeiro caso psicanalítico

Por Cecília Zylberstajn

Anna O., a primeira paciente psicanalítica, era na realidade Bertha Pappenheim. Pesquisas históricas mostram que ela foi co-criadora do método psicanalítico, tendo cunhado os termos “talking cure” e “limpeza de chaminé”. Segundo Breuer, ela tinha o “dom da fantasia”. Bertha chamava o que acontecia em suas sessões de seu “teatro particular”.

Uma jovem brilhante, curiosa e criativa, foi retirada dos estudos para aprender sobre afazeres domésticos e se preparar para o casamento. Posteriormente, passava as noites cuidando de seu pai doente até seu falecimento, quando seus sintomas se tornaram mais graves. Depois do tratamento com Breuer e de uma longa internação, se tornou escritora, ensaista e ativista pelo direito das mulheres.

A história de Bertha nos inspira a pensar nas necessidades dos sobreviventes para renegociarem seus traumas. Segundo Judith Herman, violência e trauma são problemas da coletividade, e o locus da cura também o é. O ativismo e a justiça social são importantes caminhos para dar sentido no coletivo aos traumas pessoais e devem ser considerados parte do tratamento de sobreviventes.

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HERMAN, Judith Lewis. Truth and repair: How trauma survivors envision justice. Hachette UK, 2023
PAPPENHEIM, Bertha. Do teatro particular ao público – Biografia. 1859-1936. Blucher, SP, 2023