Violência contra inocentes. O que existe atrás de agressores de escolas e creches
Por Marcelo Feijó de Mello
Atos extremos como os cometidos em creches e escolas aterrorizam por sua barbárie, incompreensibilidade e violência. Nossas dúvidas podem nos levar a agirmos movidos por emoções intensas: pavor, ódio e desesperança. Não podemos generalizar sobre as motivações, estes ataques são eventos complexos que resultam de uma combinação de fatores individuais, sociais e ambientais. Um fator comum a estes agressores de escolas é de se sentirem isolados ou rejeitados, ou terem sofrido traumas durante a infância e adolescência como abusos e negligências.
Contudo, não são suficientes, pois a maior parte dos que sofrem os mesmos abusos não se tornam agressores. Muitos podem ter transtornos mentais, mas novamente não é necessário, e ao contrário, os portadores de transtornos mentais são em geral bem menos violentos que a população geral e se tornam mais vítimas que algozes. Alguns dão sinais como o adolescente que esfaqueou a professora em São Paulo, e outros não têm sinal algum de violência.
Alguns fatores podem inibir os ataques como o acesso a armas, suporte a saúde mental e um ambiente de paz e bem-estar para os jovens. A internet com sua velocidade e possibilidade de acessar anonimamente pessoas remotamente está na base do rápido aumento dos casos de agressões. A internet divulga os atos de forma viral, além de permitir que estes jovens se encontrem virtualmente através de grupos motivados pelo ódio na internet.
Estes grupos de internet têm fatores em comum como a desumanização dos seus alvos, para vê-los como “menos” que humanos e por isto “merecedores” da violência ou agressão. Os grupos ideológicos são unidos por ideias e seus membros são fortemente pressionados a agir de conformidade com as crenças e ações do grupo, suprimindo dissidentes. Se nutrem através de informações enviesadas, como as Fake News, que confirmam suas crenças e ignora as que os contradizem.
A anonimidade permite que ajam mais agressivamente, do que fariam nas interações olho a olho, por sentirem protegidos das consequências. O escalonamento ocorre com a radicalização com o tempo nos discursos e nas ações. Devemos todos, em todos nossos papéis sociais, seja como amigos, conhecidos, colegas, parentes, ou colegas estarmos atentos a pessoas que se sentem ou se tornam isoladas, e nos aproximar, entender e dar suporte.
Além do individual a sociedade deve facilitar o acesso a saúde mental. Entre estes que se isolam, a grande maioria não tem perfil de agressão, mas os que têm, poderão ser atendidos antes, que o pior aconteça, e existam sinais de violência.
Aqueles que já dão sinais inequívocos de agressão devem também receber ajuda, sendo necessários que os locais que frequentam como as escolas, serviços de saúde e de comunidade, como em grupos de jovens estejam preparados para perceber que esta agressividade pode escalar para algo terrível e dar sequência a protocolos de segurança contatando a família, assim como o agendamento em serviços especializados de saúde mental com a meta de prevenção.